terça-feira, 21 de janeiro de 2014

A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL : A GUERRA DE TRINCHEIRAS


Carlos Pastana França
Édem da Luz Baia


A Grande Guerra Mundial (1914-1918) teve como fase inicial de combate, marcado pela movimentação das tropas, mas longo assumiu uma fase de guerra de posições, com as tropas  instaladas em trincheiras abertas no solo. Enterrados em valas abertas no solo, as tropas permaneceram ali por longos períodos, defendendo-se dos ataques dos inimigos, e ao mesmo tempo, tentando tomar posições. Os alemães foram os pioneiros em fazer uso das trincheiras nos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial.
Ao contrário do que boa parte da historiografia militar propõe:
As trincheiras não foram usadas pela primeira vez durante a Primeira Guerra Mundial, pois se trata de um recurso bastante antigo, que se confunde com a própria história das guerras. Ao mesmo tempo existem alguns registros que indicam o uso de trincheiras semelhantes as da Primeira Guerra Mundial durante a Guerra da Criméia e em algumas batalhas da Guerra Civil Americana (IACHTECHEN, 2007, p. 02).

As condições de vida dos soldados nas trincheiras eram terríveis, eles ficavam longos períodos nessas valas, sofrendo a fome, dor, doenças (físicas e psicológicas), frio, lama e também conviviam com o cheiro das fezes e dos cadáveres em estado de decomposição, as noites sem dormir. Segundo Hobsbawm (1995, p. 33), milhões de homens ficavam uns diante dos outros nos parapeitos de trincheiras barricadas com sacos de areia, sob as quais viviam como e com ratos e piolhos. Todo esse sofrimento, para conquistar poucos metros dos territórios inimigos.
Segundo Hees (2011, p. 503), os longos e insalubres dias nas trincheiras não se comparavam a nenhuma outra experiência de guerra. Enquanto homens morriam em profusão, as ratazanas se multiplicavam geometricamente o que deixava patente que aquele espaço era inumano.
O trecho abaixo revela o cotidiano nas trincheiras:
“A mesma velha trincheira, a mesma paisagem,
Os mesmos ratos, crescendo como mato,
Os mesmos abrigos, nada de novo,
Os mesmos velhos cheiros, tudo na mesma,
Os mesmos cadáveres no fronte.
A mesma metralha, das duas às quatro,
Como sempre cavando, como sempre caçando,
A mesma velha guerra dos diabos.”
(A.  A. Milne: Combate no Somme).            

Na fase de guerra de trincheiras, só na batalha de Verdun (1916) morreram um milhão de soldados entre franceses e alemães que lutavam entre si.
http://files.primeiraguerramundial.webnode.com.br/200000011-8494985901/lancashire_fusiliers_trench_beaumont_hamel_1916.jpg
  Imagem de uma trincheira
Fonte: http://primeiraguerramundial.webnode.com.br/guerra-das-trincheiras/
A trincheira, verdadeira marca registrada da Primeira Guerra Mundial, é o reflexo do impasse tático, do equilíbrio de forças e da supremacia defensiva (MARQUES, 1999, p.118).
A estratégia de guerra de trincheiras foi uma característica marcante no combate da Primeira Guerra Mundial, em que o território era disputado metro a metro, custando milhões de vidas. Os poucos avanços ou recuos das partes envolvidas davam um aspecto estático à guerra.

REFERÊNCIAS

HEES, Carlos Renato. A Grande Guerra: um cenário inumano. Disponível:<Guaíba. Ulbra. br/seminário/eventos/2011/artigos/historia/seminário/860.pdf>Acesso em 07 Nov  2013.

HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos: o breve século XX: 1914-1991 / tradução Marcos Santarrita; revisão técnica Maria Célia Paoli - São Paulo: Companhia das Letras, 1995. Título original: Age of extremes: the short twenlieth century.

IACHTECHEN, Fábio Luciano. Os couraçados terrestres ficcionais e a invenção dos carros de guerra. ANPUH – XXIV SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA – São Leopoldo, 2007.

MARQUES, Adhemar Martins [et al]. História Contemporânea através de textos. 6º. ed. São Paulo: Contexto, 1999.



FILMES SOBRE A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL:

A TRINCHEIRA
                                                                                                                                                    SINOPSE: William Boyd apresenta "A Trincheira", um filme baseado na 1ª Guerra Mundial, e que trata a fatalidade da guerra e a perda trágica de vidas jovens e inocentes. Com este filme somos transportados até à batalha de Somme (1916), que se tornou um dos piores desastres militares do Império Britânico, com o desaparecimento de 60.000 soldados em combate.  

http://www.dvdpt.com/a/a_trincheira.jpg

NADA DE NOVO NO FRONT
Sete estudantes patriotas alemães apresentam-se como voluntários para o serviço militar em plena Primeira Guerra Mundial. Baseado no conto homônimo de Erich Maria Remarque, Nada de Novo no Front é um grande filme pacifista que mostra a loucura e futilidade da guerra. As cenas nas trincheiras são retratadas de forma brilhante e dolorosa. Mesmo muitos anos após o seu lançamento, o tema do filme continua sendo atual e dominante em todos os países que sofreram e sofrem com a guerra. Vencedor dos Oscars de Melhor Filme e Melhor Diretor.
Capa do filme Nada de Novo no Front

A DESCOLONIZAÇÃO AFRO-ASIÁTICA: A CONQUISTA DA INDEPENDÊNCIA

A descolonização Afro-Asiática foi um processo histórico que significou o fim da colonização promovida por algumas potências européias entre o fim do século XIX e início do XX, e consequentemente o surgimento de novos países politicamente independentes. As potências européias com maior destaque na colonização Afro-Asiática foram à britânica, francesa, holandesa, belga, portuguesa, espanhola, italiana, dentre outras.
Com o término da Segunda Guerra Mundial as experiências históricas de re­sistência dos povos africanos que até então eram praticamente isoladas, adquiriram novos ingredientes que possibilitou avanços por uma luta na busca de emancipação das regiões sob a tutela dos países europeus (PEREIRA; SILVA, 2008: 181).
Alguns fatores contribuíram para a descolonização dos dois continentes: o primeiro fator foi a Segunda Guerra Mundial, que enfraqueceu as potências européias, e deste modo os domínios das nações européias nos territórios africanos e asiáticos, a partir dos crescentes movimentos de libertação, políticos, civis e militares para por fim aos impérios coloniais. O segundo fator foi à intervenção dos norte-americanos e dos soviéticos a favor da descolonização com a finalidade de fazer com que esses novos países ficassem sob suas influências, e assim ampliar  e fortalecer os seus sistemas ideológicos. E por último a tomada de consciência dos povos sob os domínios europeus quanto à importância de suas independências.
O continente africano foi o que sofreu maiores influências das potências européias, a partir do neocolonialismo. Em algumas regiões africanas, o processo de independência foi marcado pela forma pacífica de emancipação. Já em outras regiões a independência foi marcada por sérios conflitos, como exemplo, a Argélia ex-colônia francesa, em que sua independência foi marcada por uma guerra longa e violenta.
No que se refere ao continente asiático, à independência foi marcada, por variados conflitos e pela intervenção norte-americana e soviética, na busca de consolidar a hegemonia no continente. Um exemplo é o caso da Guerra do Vietnã, que após a independência em 1954, formaram-se dois governos no país, o governo do norte pretendia instalar o socialismo, com o apoio dos chineses e soviéticos. Já o governo do sul, tinha o apoio dos norte-americanos, que eram contrários a implantação do socialismo, a partir dessa tensão à guerra foi inevitável.
A índia foi o primeiro país asiático a iniciar a luta pela independência, e o grande líder do movimento foi Gandhi, seu lema era a não violência, da luta pacífica. A Inglaterra teve que reconhecer a independência indiana.
A descolonização provocou uma transformação da estrutura do sistema internacional (política, social e economicamente). A conquista da independência Afro-Asiática, tem como significado a democracia, e liberdade, mas nem todos os países conseguiram a sonhada democracia e independência econômica, e muitos possuem índices altos de pobreza, discriminação racial ou étnica, conflitos étnicos, etc.


 REFERÊNCIA

PEREIRA, Izabel; SILVA, Genilder. A descolonização da África nos livros didáticos: colônias portuguesas. Revista de Estudos do Norte Goiano Vol. 1, nº 1, ano 2008, p. 176-204.