Carlos
Pastana França
Édem
da Luz Baia
A Grande Guerra Mundial
(1914-1918) teve como fase inicial de combate, marcado pela movimentação das
tropas, mas longo assumiu uma fase de guerra de posições, com as tropas instaladas em trincheiras abertas no solo.
Enterrados em valas abertas no solo, as tropas permaneceram ali por longos
períodos, defendendo-se dos ataques dos inimigos, e ao mesmo tempo, tentando
tomar posições. Os alemães foram os pioneiros em fazer uso das trincheiras nos
campos de batalha da Primeira Guerra Mundial.
Ao
contrário do que boa parte da historiografia militar propõe:
As trincheiras não foram usadas pela primeira vez durante a
Primeira Guerra Mundial, pois se trata de um recurso bastante antigo, que se
confunde com a própria história das guerras. Ao mesmo tempo existem alguns
registros que indicam o uso de trincheiras semelhantes as da Primeira Guerra Mundial
durante a Guerra da Criméia e em algumas batalhas da Guerra Civil Americana
(IACHTECHEN, 2007,
p. 02).
As condições de vida dos soldados nas trincheiras
eram terríveis, eles ficavam longos períodos nessas valas, sofrendo a fome,
dor, doenças (físicas e psicológicas), frio, lama e também conviviam com o
cheiro das fezes e dos cadáveres em estado de decomposição, as noites sem
dormir. Segundo Hobsbawm (1995, p. 33), milhões de homens ficavam uns diante
dos outros nos parapeitos de trincheiras barricadas com sacos de areia, sob as
quais viviam como e com ratos e piolhos. Todo esse sofrimento, para conquistar
poucos metros dos territórios inimigos.
Segundo Hees (2011, p. 503),
os longos e insalubres dias nas trincheiras não se comparavam a nenhuma outra
experiência de guerra. Enquanto homens morriam em profusão, as ratazanas se
multiplicavam geometricamente o que deixava patente que aquele espaço era
inumano.
O trecho abaixo revela
o cotidiano nas trincheiras:
“A
mesma velha trincheira, a mesma paisagem,
Os
mesmos ratos, crescendo como mato,
Os
mesmos abrigos, nada de novo,
Os
mesmos velhos cheiros, tudo na mesma,
Os
mesmos cadáveres no fronte.
A
mesma metralha, das duas às quatro,
Como
sempre cavando, como sempre caçando,
A
mesma velha guerra dos diabos.”
(A. A.
Milne: Combate no Somme).
Na fase de guerra de
trincheiras, só na batalha de Verdun (1916) morreram um milhão de soldados
entre franceses e alemães que lutavam entre si.
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Imagem de uma trincheira
Fonte:
http://primeiraguerramundial.webnode.com.br/guerra-das-trincheiras/
A trincheira,
verdadeira marca registrada da Primeira Guerra Mundial, é o reflexo do impasse
tático, do equilíbrio de forças e da supremacia defensiva (MARQUES, 1999,
p.118).
A estratégia de guerra
de trincheiras foi uma característica marcante no combate da Primeira Guerra
Mundial, em que o território era disputado metro a metro, custando milhões de
vidas. Os poucos avanços ou recuos das partes envolvidas davam um aspecto
estático à guerra.
REFERÊNCIAS
HEES, Carlos
Renato. A Grande Guerra: um cenário
inumano. Disponível:<Guaíba. Ulbra. br/seminário/eventos/2011/artigos/historia/seminário/860.pdf>Acesso
em 07 Nov 2013.
HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos: o breve
século XX: 1914-1991 / tradução Marcos Santarrita; revisão técnica Maria Célia
Paoli - São Paulo: Companhia das Letras, 1995. Título original: Age of extremes: the short
twenlieth century.
IACHTECHEN, Fábio Luciano. Os couraçados terrestres
ficcionais e a invenção dos carros de guerra. ANPUH – XXIV SIMPÓSIO NACIONAL DE
HISTÓRIA – São Leopoldo, 2007.
MARQUES, Adhemar Martins [et al]. História
Contemporânea através de textos. 6º. ed. São Paulo: Contexto, 1999.
FILMES SOBRE A PRIMEIRA
GUERRA MUNDIAL:
A TRINCHEIRA
SINOPSE: William Boyd apresenta "A Trincheira",
um filme baseado na 1ª Guerra Mundial, e que trata a fatalidade da guerra e a
perda trágica de vidas jovens e inocentes. Com este filme somos transportados
até à batalha de Somme (1916), que se tornou um dos piores desastres militares
do Império Britânico, com o desaparecimento de 60.000 soldados em combate.
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NADA DE NOVO NO FRONT
Sete
estudantes patriotas alemães apresentam-se como voluntários para o serviço
militar em plena Primeira Guerra Mundial. Baseado no conto homônimo de Erich
Maria Remarque, Nada de Novo no Front é um grande filme
pacifista que mostra a loucura e futilidade da guerra. As cenas nas trincheiras
são retratadas de forma brilhante e dolorosa. Mesmo muitos anos após o seu
lançamento, o tema do filme continua sendo atual e dominante em todos os países
que sofreram e sofrem com a guerra. Vencedor dos Oscars de Melhor Filme e
Melhor Diretor.
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