segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

O ANTAGONISMO DOS ANOS DE 1980 NO BRASIL


Nos anos 80 o Brasil passou por uma das mais sérias crises econômicas da sua história: a recessão, inflação, desemprego, a dívida externa que levou ao estrangulamento da economia. Foi nesse contexto de crises econômicas que o regime militar chegou ao fim, e consequentemente foi o retorno da democracia ao Brasil, de modo “lento e gradual”, que fortaleceu o mecanismo de participação dos cidadãos brasileiro na vida política. Segundo Marangoni (2012: 01), os anos 1980 foram marcados por uma profunda crise econômica e pelo fim da ditadura (1964-85). A volta da democracia possibilitou uma reorganização do movimento social, num patamar inédito até então.
Os anos de 1980  ficaram conhecidos como a “década perdida” na América Latina, devido a grande crise econômica no continente: acentuada queda em seu no comércio exterior, baixo crescimento do PIB e da produção industrial, as dívidas públicas internas extrapolavam a arrecadação do governo, aceleração da inflação, concentração de renda, etc.
Mas por outro lado foi uma “década ganha”, pelo fim dos governos autoritários, a formação e consolidação dos partidos políticos populares, o movimento das “diretas já”, que propôs eleições diretas para presidente da república, e também aproximação dos governos latino-americanos, e a promulgação da Constituição de 1988.
O modelo de desenvolvimento baseado em investimento estatal, capital privado nacional e financiamento externo (nacional-desenvolvimentismo, iniciado 1930 no governo Vargas) estavam em declínio com o fim da ditadura militar. Quem o sucedeu foi o modelo liberal, em que o Estado não deve intervir na economia, a tarefa de indutor do desenvolvimento é de competência do mercado e da iniciativa privada.
O primeiro plano de combate à crise inflacionária foi à adoção do plano Cruzado, que teve como finalidade congelar preços e salários a partir de 1986, no governo de José Sarney. Segundo Marangoni (2012: 05),  outras tentativas de se derrubar a escalada inflacionária foram tentadas até o início de 1989, através dos planos Cruzado II, Bresser e Verão. Todos fracassam e a aceleração dos preços fecha a década batendo a casa de 80% ao mês, num quadro de hiperinflação.
Com a adoção do modelo liberal foi conquistada a estabilidade monetária, o país voltou a crescer economicamente, liberalização da conta de capitais, privatização de empresas públicas e redução de várias funções próprias do Estado, principalmente no governo de Fernando Henrique Cardoso.
Os anos 80 trouxeram ganhos do ponto de vista político, com a redemocratização do país, mas por outro lado, foi uma década perdida do ponto econômico: inflação, dívida externa, etc. E portanto, não foi uma década completamente perdida como afirmam alguns especialistas do assunto.


REFERÊNCIA

MARANGONI, Gilberto. Anos 80, década perdida ou ganha? Ano 9,  Edição 72, 2012.  Disponívelem:<www.controversia.com.br/uploaded/pdf/16447_ipeagovbr_anos_1980_dcadaperdida_ou_ganha.pdf>. Acesso em 09 outubro de 2013.

O IMPACTO DOS PROTESTOS DE 1968 NO BRASIL, IRÂ E INDONÉSIA.

O aspecto da globalização teve papel fundamental no fortalecimento dos protestos globais de 1968, os eventos desse período conectaram diferentes regiões ao redor do globo. Os protestos eram constituindo por grupos de jovens que tinham como objetivos: desafiar as autoridades e denunciar as políticas das grandes potências, e também o descontentamento com as normais sociais dominantes do pós-guerra e o autoritarismo dos governos, as interferências dos respectivos governos no campo da Guerra Fria, principalmente no Sul global.
Mas os protestos globais de 1968 criou um ambiente propicio para o fortalecimento do Estado Nacional, e consequentemente uma resposta conservadora das elites autoritárias em países em desenvolvimento para conter aqueles protestos desestabilizadores do período, e que terminou fortalecendo os Estados Nacionais.
Vamos discorrer sobre a trajetória de países em desenvolvimento nos eventos de 1968, e como esses eventos afetaram os regimes e Estados nacionais, principalmente do Brasil, Irã e Indonésia. Segundo Spektor (2010: 365), os três países ilustram a força da globalização dos conflitos de 1968, bem como as respostas autoritárias que avançaram na direção de fortalecer a capacidade de o Estado nacional controlar, conter e barrar futuras revoltas.
 Os três países mencionados acima tiveram na década de 1960 e 1970 uma verdadeira transformação social, principalmente no setor da economia, com um crescimento espetacular. Foi nesse contexto que tiveram lugar as erupções dos protestos globais de 1968, em que o descontentamento interno difundir-se pelos três países, que tiveram como influência os protestos que ocorriam nos EUA, Europa, China, esses países assistiram a uma onda de passeatas estudantis, greves, sequestro de diplomata, desordem urbana, etc. Mas esses protestos foram brutalmente reprimidos pala ação da polícia. Nas três sociedades existia a preocupação com o possível avanço do comunismo pelos protestos nas ruas e universidades, e também com os movimentos de oposição.
As rebeliões estudantis no Brasil, Irã e Indonésia não conseguiram derrubar os respectivos regimes.
Ao contrario, os militares brasileiros, Suharto e o terminaram forçando ainda mais a mão e aumentando seu poder sobre os respectivas populações como resposta á onda de protestos. Esses regimes ainda contavam com o respeito de parcelas significativas do público e tanto suas autoridades pessoais quanto à força geral dos regimes que comandavam foram, em parte, fortalecidas, na resposta a 1968 (SPEKTOR, 2010: 368).

Após os episódios de 1968, se teve uma reação conservadora, isso se deve as resposta dos três regimes com o uso massivo do aparato policial para eliminar as rebeliões, capturar os líderes do movimento estudantil e ter um controle maior sobre os movimentos sociais, ou prendendo, e exilado os oposicionistas.
As elites governamentais dos três países se voltaram para os EUA em busca de auxílio e legitimação dos governos, e também buscar instrumentos para conter as pressões crescentes dos movimentos sociais. A cooperação com os norte-americanos funcionou como uma ferramenta para reforçar os regimes estabelecidos, e minimizar as manifestações e impedir a influência do comunismo nos respectivos países. A globalização dos conflitos de 1968 ao redor do mundo criou laços de interdependência entre os países.


REFERÊNCIA

SPEKTOR, Matias. Globalização e Estado nas revoluções globais de 1968: Irã, Brasil e Indonésia. Estudos Históricos, Vol. 23, n°. 46, 2010.



segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

A AMAZÔNIA: A QUESTÃO DA RESTRIÇÃO DA SOBERANIA

O discurso da perda da soberania em prol da questão ambiental. As questões ligadas ao território amazônico, principalmente aquelas ligadas à perda de autonomia e soberania, tem motivados discussões em vários setores da sociedade internacional e nacional. Alguns Chefes de Estados, principalmente aqueles que pertencem às nações ricas e desenvolvidas, alimentam o debate sobre uma possível internacionalização da Amazônia, que ser tornou muito recorrente a partir da década de 1960. A tentativa da redução do território brasileiro é algo impensável na compreensão  dos governantes, dos geopolíticos e da sociedade brasileira em geral.
Shiguenoli Miyamoto cita um exemplo dessas discussões, referente à perda da soberania territorial:
Foi por meio da internet que se tomou conhecimento sobre a existência de livro de geografia que estaria sendo adotado nos Estados Unidos, no qual constavam mapas em que parte da Amazônia brasileira teria sido subtraída, não mais fazendo parte do território nacional. Causando impacto em vários setores, como o meio acadêmico, diplomático e jornalístico, descobriu-se depois que tudo se tratava de uma farsa produzida por setores não identificados, ainda que se localizasse a origem do sítio que o divulgara. Mesmo após os fatos terem sido apurados, essa informação continua sendo periodicamente espalhada, denunciando interesses escusos que estariam permanentemente voltados para as riquezas do território amazônico (MIYAMOTO, s.d, p.65).

A tentativa de diminuir a importância das fronteiras nacionais, a partir de novos conceitos como a de soberania restrita ou compartilhada sobre territórios comuns de interesse de toda a humanidade, tem se tornados corriqueiros, defendidos por diversos ambientalistas céticos e por organizações não governamentais (ONGs), que não estão preocupados com o conceito de soberania tradicional.
A Amazônia se enquadra nessa tentativa de restrição da soberania, devido se considerada patrimônio da humanidade, porque interfere globalmente nas condições climáticas. Ela sempre despertou  interesses de vários países, por sua imensidão territorial, vastas florestas, fauna e flora exuberante, as riquezas minerais, e as populações tradicionais, outro fator primordial é sua baixa concentração demográfica. Segundo Miyamoto (s.d, p.70), sob essa perspectiva, a ameaça à soberania poderia se transformar em realidade, porque faltaria ao governo brasileiro capacidade para responder com eficácia às investidas de grandes potências, em face da deficiência de recursos na elaboração de uma política de defesa condizente com as necessidades, visando preservar a segurança e a soberania nacionais nesse lado do mundo.
O contexto mundial dos anos de 1960 contribuiu para a discussão dos problemas ambientais. Foi a partir de momento que se organizou as Conferências Internacionais para o Meio Ambiente, promovidas pela ONU, dentre as quais podemos destacar a Conferência de Estocolmo, na Suécia (1972), e a Eco Rio (1992), que tinha como pontos  a sensibilização ao uso racional dos recursos naturais, diminuição da poluição, desmatamento, etc. Nessas Conferências estavam os discursos ou conflito entre países ricos desenvolvidos e pobres, buscando concilia desenvolvimento com preservação ambiental. 
O Brasil buscava defende sua soberania com a proteção da Amazônia, a partir de políticas de desenvolvimento e povoamento da região norte, e também com a maior presença das forças armadas na região, ou através dos princípios das relações internacionais com a finalidade de conservar sua soberania territorial.

REFERÊNCIA
MIYAMOTO, Shiguenoli. A Amazônia, Política e Defesa. Disponível em: <www.obed.ufpa.br/pdfs/amazonia­_politica­_defesa.pdf>. Acesso em 10 de outubro 2013.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL : A GUERRA DE TRINCHEIRAS


Carlos Pastana França
Édem da Luz Baia


A Grande Guerra Mundial (1914-1918) teve como fase inicial de combate, marcado pela movimentação das tropas, mas longo assumiu uma fase de guerra de posições, com as tropas  instaladas em trincheiras abertas no solo. Enterrados em valas abertas no solo, as tropas permaneceram ali por longos períodos, defendendo-se dos ataques dos inimigos, e ao mesmo tempo, tentando tomar posições. Os alemães foram os pioneiros em fazer uso das trincheiras nos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial.
Ao contrário do que boa parte da historiografia militar propõe:
As trincheiras não foram usadas pela primeira vez durante a Primeira Guerra Mundial, pois se trata de um recurso bastante antigo, que se confunde com a própria história das guerras. Ao mesmo tempo existem alguns registros que indicam o uso de trincheiras semelhantes as da Primeira Guerra Mundial durante a Guerra da Criméia e em algumas batalhas da Guerra Civil Americana (IACHTECHEN, 2007, p. 02).

As condições de vida dos soldados nas trincheiras eram terríveis, eles ficavam longos períodos nessas valas, sofrendo a fome, dor, doenças (físicas e psicológicas), frio, lama e também conviviam com o cheiro das fezes e dos cadáveres em estado de decomposição, as noites sem dormir. Segundo Hobsbawm (1995, p. 33), milhões de homens ficavam uns diante dos outros nos parapeitos de trincheiras barricadas com sacos de areia, sob as quais viviam como e com ratos e piolhos. Todo esse sofrimento, para conquistar poucos metros dos territórios inimigos.
Segundo Hees (2011, p. 503), os longos e insalubres dias nas trincheiras não se comparavam a nenhuma outra experiência de guerra. Enquanto homens morriam em profusão, as ratazanas se multiplicavam geometricamente o que deixava patente que aquele espaço era inumano.
O trecho abaixo revela o cotidiano nas trincheiras:
“A mesma velha trincheira, a mesma paisagem,
Os mesmos ratos, crescendo como mato,
Os mesmos abrigos, nada de novo,
Os mesmos velhos cheiros, tudo na mesma,
Os mesmos cadáveres no fronte.
A mesma metralha, das duas às quatro,
Como sempre cavando, como sempre caçando,
A mesma velha guerra dos diabos.”
(A.  A. Milne: Combate no Somme).            

Na fase de guerra de trincheiras, só na batalha de Verdun (1916) morreram um milhão de soldados entre franceses e alemães que lutavam entre si.
http://files.primeiraguerramundial.webnode.com.br/200000011-8494985901/lancashire_fusiliers_trench_beaumont_hamel_1916.jpg
  Imagem de uma trincheira
Fonte: http://primeiraguerramundial.webnode.com.br/guerra-das-trincheiras/
A trincheira, verdadeira marca registrada da Primeira Guerra Mundial, é o reflexo do impasse tático, do equilíbrio de forças e da supremacia defensiva (MARQUES, 1999, p.118).
A estratégia de guerra de trincheiras foi uma característica marcante no combate da Primeira Guerra Mundial, em que o território era disputado metro a metro, custando milhões de vidas. Os poucos avanços ou recuos das partes envolvidas davam um aspecto estático à guerra.

REFERÊNCIAS

HEES, Carlos Renato. A Grande Guerra: um cenário inumano. Disponível:<Guaíba. Ulbra. br/seminário/eventos/2011/artigos/historia/seminário/860.pdf>Acesso em 07 Nov  2013.

HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos: o breve século XX: 1914-1991 / tradução Marcos Santarrita; revisão técnica Maria Célia Paoli - São Paulo: Companhia das Letras, 1995. Título original: Age of extremes: the short twenlieth century.

IACHTECHEN, Fábio Luciano. Os couraçados terrestres ficcionais e a invenção dos carros de guerra. ANPUH – XXIV SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA – São Leopoldo, 2007.

MARQUES, Adhemar Martins [et al]. História Contemporânea através de textos. 6º. ed. São Paulo: Contexto, 1999.



FILMES SOBRE A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL:

A TRINCHEIRA
                                                                                                                                                    SINOPSE: William Boyd apresenta "A Trincheira", um filme baseado na 1ª Guerra Mundial, e que trata a fatalidade da guerra e a perda trágica de vidas jovens e inocentes. Com este filme somos transportados até à batalha de Somme (1916), que se tornou um dos piores desastres militares do Império Britânico, com o desaparecimento de 60.000 soldados em combate.  

http://www.dvdpt.com/a/a_trincheira.jpg

NADA DE NOVO NO FRONT
Sete estudantes patriotas alemães apresentam-se como voluntários para o serviço militar em plena Primeira Guerra Mundial. Baseado no conto homônimo de Erich Maria Remarque, Nada de Novo no Front é um grande filme pacifista que mostra a loucura e futilidade da guerra. As cenas nas trincheiras são retratadas de forma brilhante e dolorosa. Mesmo muitos anos após o seu lançamento, o tema do filme continua sendo atual e dominante em todos os países que sofreram e sofrem com a guerra. Vencedor dos Oscars de Melhor Filme e Melhor Diretor.
Capa do filme Nada de Novo no Front